"Cara inchada", doença peridentária em bovinos
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-3921.pab1974.v9.17230Palavras-chave:
Paradentite, peridentite, periostite alveolar, piorréia alveolar, periostite crônica ossificanteResumo
Foi estudada em Mato Grosso, Brasil, a "cara inchada", doença de bovinos jovens, que se caracteriza clinicamente, no seu estado avançado de evolução, por um processo inflamatório peridentário com afrouxamento e perda de dentes premolares e molares e com abaulamento ósseo maxilar e menos freqüentemente mandibular. Os animais afetados emagrecem e grande parte morre por desnutrição. Os estudos foram realizados em bovinos zebu e mestiços zebu. A "cara inchada" foi observada em regiões onde os pastos, na maior parte de capim-colonião (Panicum maximum), eram formados após a derrubada de matas em terras férteis de baixada. Em regiões vizinhas, de topografia mais elevada e de vegetação de cerrado, a doença não foi constatada. Através de exames da cavidade bucal de cerca de 1.500 bovinos de até 1 ano de idade, foi constatada a incidência média da doença em 6% dos animais, havendo uma propriedade alcançado o índice de 22,6% de bezerros afetados. Pelos exames clínicos e pelas necropsias de 30 bovinos com a doença, revelou-se que o processo paradentário incipiente já pode estar presente em bezerros com 1 mês de idade. Parece que os bovinos são susceptíveis à instalação do processo paradentário da "cara inchada" somente até a idade de aproximadamente 2 anos e meio. A lesão incipiente da doença, essencialmente de natureza não inflamatória, inicia-se em bezerros novos na papila interdentária entre os dentes P2 e P3 maxilares, consistindo na formação de bolsa paradentária. A penetração de partículas de alimentos e outros corpos estranhos complica o processo que resulta finalmente numa peridentite purulenta e periostite crônica ossificante. Os dados clínicos, anátomo e histopatológicos mostram que a doença afeta inicialmente o paradêncio de animais com dentes em erupção e crescimento, possivelmente devido a uma deficiência na regeneração fisiológica e reparação do tecido conjuntivo paradentário. Concluiu-se que a "cara inchada" dos bovinos deve ser causada por um ou mais fatores ligados à alimentação.